Vida
Patrick Maderos Kennedy, mais conhecido como Kennedy Bahia, foi um artista nascido em Valparaíso, no Chile. Formou-se em engenharia pela Escola de Minas da Universidade de La Serena e se especializou na extração de ouro. Seu primeiro contato com a fauna e flora amazônicas aconteceu na exploração de minérios e ouro na selva boliviana e, depois, no alto Tapajós e no Alto Purus, no Amazonas.
Durante o tempo que passou na Amazônia, Kennedy contraiu malária e se encontrou bastante debilitado; o engenheiro descobriu que só poderia receber o tratamento adequado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia. Portanto, se mudou para Salvador no início de 1963.
Enquanto se recuperava, o artista se dedicou à tapeçaria, tarefa na qual auxiliava a sua mãe quando criança. Após sua cura, o médico que o acompanhou durante o tratamento o aconselhou a não retornar para a selva. Logo, Kennedy resolveu se dedicar à arte da tapeçaria.
Seu ateliê ficava no próprio apartamento, onde também funcionava uma galeria para receber amigos e o público.
Em 1965, Kennedy Bahia realizou sua primeira exposição de tapeçaria na Galeria Manoel Quirino. O artista pretendia criar o maior artesanato da América do Sul, portanto foi aumentando o número de artesãs com as quais trabalhava conforme expandia a comercialização de seus trabalhos.
Em 1970, Kennedy idealizou e construiu sua própria galeria, um espaço de 700m² na orla de Salvador (Praia do Jardim dos Namorados) dedicado às artes, o que foi inédito na cidade. Com o Modernismo, a arte da tapeçaria foi muito popularizada, embora nunca tenha deixado de ser uma forma de artesanato.
O artista conquistou visibilidade internacional com a coleção “Fauna e Flora”, que retratava a biodiversidade brasileira através de tapeçarias e serigrafias com motivos alegres e coloridos.
No final década de 1970, Kennedy já havia realizado exposições em Brasília, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro; na América Latina (Barbados, Bolívia e Chile); e nos Estados Unidos, onde mais expôs (Hotel Sheraton e Hilton, e nas cidades de Nova Iorque e Miami).
A produção póstuma do artista é realizada por sua filha, Cíntia Kennedy, e inclui a impressão de serigrafias em matrizes originais e aplicação de decalques da década de 1970 em azulejos e peças de porcelana.
Obra
Fascinado pela selva amazônica, Kennedy retratou a fauna e flora brasileira em seus trabalhos; e incluiu a cultura afro-brasileira e as religiões de matriz africana em seu repertório. Suas tapeçarias retratavam o cotidiano do povo de Salvador: baianas carregando potes de água de cheiro e a diversidade da fauna e flora amazônicas (borboletas, pássaros, papagaios, tartarugas e tucanos).
Os trabalhos do artista possuem uma linguagem figurativa com forte estilização geométrica, superposições e grande contraste entre figura e fundo. Na maior parte de suas obras, não há volume nem profundidade.
Além de tapeçarias, Kennedy produziu telas, serigrafias, entalhes, esculturas, peças de porcelana e cerâmica (azulejos, xícaras, cinzeiros, etc) em grande escala. Kennedy contribuiu grandemente para a expansão da cultura e das artes plásticas na Bahia, divulgando informações sobre o estado pelos países por onde levava suas obras.
O Acervo SANMA possui mais de quinze obras de Kennedy Bahia, entre serigrafias e tapeçarias.
Imagens: Instagram Oficial Kennedy Bahia